Existem muitos armários — e nem todos têm porta. Na clínica, vejo homens gays presos em versões diferentes do mesmo silêncio:

1.	O armário profissional:

Quando a carreira exige “discrição” e a sexualidade vira risco reputacional. Aqui, o sujeito vive em constante gerenciamento de imagem.

2.	O armário familiar:

Aquele onde o afeto existe, mas a aceitação não. O silêncio é moeda de paz e, ao mesmo tempo, o maior desgaste emocional. 3. O armário territorial:

O cara que vive em uma cidade pequena, onde todo mundo conhece todo mundo — e o medo do julgamento vira vigilância interna.

4.	O armário heteronormativo:

O sujeito que constrói uma vida “hétero” porque aprendeu que felicidade só existe em casal tradicional. Confunde segurança com apagamento.

5.	O armário do trauma:

Quando experiências anteriores — rejeição, bullying, violência — fazem o sujeito se proteger do próprio desejo. É autopreservação que vira prisão.

6.	O armário do perfeccionismo gay:

Aquele que só quer sair quando “estiver pronto”: corpo ideal, vida ideal, narrativa ideal. Um armário revestido de exigências irreais.

No fim, cada armário é uma tentativa de sobreviver — mas sobreviver não é o mesmo que existir.